quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA


MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo: Fundação Perjeu Abramo, 1998, p 20-41.

 

“Os comunistas não constituem um partido especial [...]” (p.20§3).

“Não tem interesses distintos dos interesses do proletariado [...]”(p.20§4).

“Não defendem princípios particulares, com os quais queiram moldar o movimento proletário” (p.20§5).

“Os comunistas de diferenciam dos demais partidos proletários apenas porque eles, por um lado, salientam e põem em prática os interesses de todo proletariado em todas as lutas nacionais dos proletários [...]”(p.20§6).

“Os comunistas são, na pratica, a parcela mais decidida e mais avançada dos partidos operários de cada país; eles compreendem teoricamente, adiante da massa de proletários, as condições, a evolução e os resultados mais gerais do movimento proletário” (p.21§1).

“O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo dos demais partidos proletários: a constituição do proletariado em classe, a derrubada da burguesia, a conquista do poder político pelo proletariado” (p.21§2).

“o que caracteriza o comunismo não é a supressão da propriedade em si, mas a supressão da propriedade burguesa” (p.21§7).

“[...] os comunistas podem resumir sua teoria em uma única expressão: supressão da propriedade privada” (p.21§9).

“Nos acusam, aos comunistas, de suprimir o que foi adquirido pessoalmente, a propriedade conquistada através do próprio trabalho; a propriedade que se declara ser o fundamento de toda liberdade , de toda atividade e de toda autonomia individuais” (p.21§10).

“[...] Essa não precisamos abolir; o desenvolvimento da indústria já a aboliu e continua abolindo diariamente” (p.21§11).

“Será que o trabalho assalariado, o trabalho do proletário, cria propriedade para ele? De modo algum. Cria capital [...]” (p.22§2).

“O capital não é [...] uma força pessoal; é uma força social” (p.22§4).

“[...] Queremos abolir o caráter dessa apropriação, que fez com que o trabalhador viva para multiplicar o capital, viva enquanto é interesse da classe dominante” (p.22§7).

“O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais; apenas suprime o poder de, através desta apropriação, subjugar trabalho alheio” (p.23§8).

“[...] não discutam conosco só porque vocês tomam como padrão para a abolição da propriedade burguesa a sua concepção burguesa de liberdade, educação, direito, etc. Suas ideias são produto das relações burguesas de produção e de propriedade, assim como o direito não é nada mais que a vontade de sua classe erigida em lei, uma vontade cujo conteúdo é determinado pelas condições materiais de vida e de sua própria classe” (p.24§3).

“O que demonstra a história das ideais senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe dominante” (p.26§9).

“Fala–se de ideias que revolucionam uma sociedade; com isso expressa-se apenas o fato de que no interior da velha sociedade se formam os elementos de uma nova, e que a abolição das velhas ideias acompanha a supressão das velhas condições de vida” (p.26§10).

“Quando o mundo antigo estava em declínio, suas religiões foram superadas pela religião cristã. Quando as ideias cristãs no século XVII cederam diante do Iluminismo, a sociedade feudal mantinha um combate mortal contra a burguesia então revolucionária. As ideias da liberdade de religião e de consciência apenas expressavam o domínio da livre concorrência no campo do conhecimento” (p.26§11).

“[...] o primeiro passo da revolução dos trabalhadores é a ascensão do proletariado à situação de classe dominante, ou seja, a conquista da democracia” (p.27§6).

“Uma vez que, no processo, desapareçam as diferenças de classe e toda a produção esteja nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter politico. O poder politico propriamente dito é o poder organizado de uma classe para dominar a outra. Se, em sua luta contra a burguesa, o proletariado necessariamente se constituem classe, se por meio de uma revolução se converte em classe dominante e, como tal, suprime violentamente as velhas relações de produção, então, junto com elas, suprime os antagonismos de classes em geral e, com isso, abole sua própria dominação de classe” (p.28§4).

Socialismo feudal

“Desse modo surgiu o socialismo feudal, meio canção de lamento, meio pasquim satírico e difamante, metade ecos do passado, metade ameaças sobre o futuro. Atingiu o coração da burguesia com acusações amargas e engenhosas, mas que sempre soavam ridículas por sua incapacidade de compreender a evolução da história moderna” (Revolução Francesa) (p.29§3).

“Para arregimentar o povo, esses senhores agitavam como bandeira a sacola de mendigo do proletariado. Contudo, toda vez que os seguiu, o povo reconheceu em seus traseiros os antigos brasoes feudais e de dispersou em meio a gargalhadas sonoras e irreverentes” (p.30§1).

O socialismo pequeno-burguês

“A aristocracia feudal não foi a única classe derrubada pela burguesia e cujas condições de existência se desveneraram e desapareceram na sociedade burguesa moderna. A pequena burguesia medieval, que nos seus primórdios vivia fora dos muros da cidade [Pfahlbuergertum], e o pequeno campesionato foram os percussores da moderna burguesia. Nos países industrial e comercialmente menos desenvolvidos, essas classes ainda vegetam, ao lado da burguesia em ascensão” (p.31§3).

“Onde a moderna civilização se desenvolveu, formou-se uma nova pequena burguesia, parcela complementar da sociedade burguesa, que paira entre o proletariado e a burguesia e se reconstitui sempre. Mas seus membros são constantemente precipitados no proletariado pela ação da concorrência. Com o desenvolvimento da grande indústria, vêem aproximar-se o momento de sua desaparição como parcela autônoma da sociedade moderna. No comercio, na manufatura, na agricultura, serão substituídos por supervisões e empregados” (p.31§4).

“Em países como a França, onde a classe camponesa representa bem mais da metade da população, era natural que os escritores que apoiavam o proletariado em sua luta contra a burguesia, adotassem critica a o regime burguês e tomassem partido pelos operários, mas do ponto de vista da pequena burguesia. Formou-se assim o socialismo pequeno-burguês.[...]” (p.32§1).

O socialismo alemão ou “verdadeiro” socialismo

“A literatura socialista e comunista da França, que surgiu sob a pressão de uma burguesia dominante e é expressão da luta contra essa dominação, foi introduzida na Alemanha na época em que a burguesia apenas começara sua luta contra o absolutismo feudal” (p.32§6).

“Filósofos, semifilósofos e impostores alemãs se apoderaram evidentemente dessa literatura e esqueceram apenas que, com a importação da literatura francesa na Alemanha, não foram importadas ao mesmo tempo as condições sociais da França. Nas condições alemãs, essa literatura francesa perdeu todo o sentido prático e assumiu uma aparência puramente literária. Estava condenada a ser apenas especulação ociosa sobre a realização do ser humano” (p.33§1).

É fato conhecido que os monges recobriam manuscritos de obras clássicas antigas, de épocas pagãs, com insípidas históricas de santos católicos. Os literatos alemãs procederam de modo inverso com a literatura francesa profana. Escreveram seus desatinos filosóficos por trás do original francês” (p.33§4).

“Assim, a literatura socialista-comunista francesa foi formalmente castrada. E já que ela nas mãos dos alemães, deixou de expressar a luta de uma classe contra outra, [...]; defendiam não verdadeiras necessidades, mas a “necessidade do verdadeiro”; interesse do ser humano, o próprio ser humano, ao invés dos interesses dos proletários; interesses do individuo que não pertence a nenhuma classe, que nem mesmo pertence à vida real, mas apenas ao céu nebuloso da fantasia filosófica” (p.33§6).

“Assim, ao “verdadeiro” socialismo ofereceu-se a oportunidade tão esperada de contrapor ao movimento político as demandas socialistas. [...]; e pregar às massas populares que elas nada tinham a ganhar com esse movimento burguês; e mais ainda tinham tudo a perder. O socialismo alemão esqueceu oportunamente que a critica francesa, da qual era o eco sem espirito, tinha por pressuposto a sociedade burguesa moderna, com suas condições materiais de vida correspondentes, e uma constituição politica adequada – pressupostos de que, na Alemanha, estavam por ser conquistados” (p.34§3).

“O socialismo alemão, por seu lado, compreendeu cada vez mais sua vocação: ser o representante patético dessa pequena burguesia retrógada” (p.35§3).

“[...] Com poucas exceções, todas as publicações pretensamente socialistas ou comunistas que circulam na Alemanha se enquadram nessa literatura suja e enervante” (p.35§4).

O socialismo conservador ou burguês

“Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para garantir a existência da sociedade burguesa” (p.35§5).

“Fazem parte desse grupo: economistas, filantropos, humanistas, benfeitores da classe operária, organizadores da caridade, protetores do animais, fundadores de sociedades de abstinência, reformadores obscuros de toda espécie. E o socialismo burguês também foi elaborado até formar sistemas completos” (p.36§1).

“Os socialistas burgueses querem as condições de vida da sociedade moderna, sem os conflitos e os perigos que dela necessariamente decorrem. Desejam a sociedade atual, subtraindo dela os elementos revolucionários e que contribuem para dissolução. Querem a burguesia sem o proletariado. Naturalmente, a burguesia concebe o mundo no qual ela domina como o melhor dos mundos. [...]” (p.36§2).

“O socialismo da burguesia reduz-se à afirmação de que os burgueses são burgueses – no interesse da classe operária” (p.37§1).

O socialismo e o comunismo crítico-utópicos

“É verdade que eles estão conscientes de representar, em seus planos, principalmente os interesses da classe trabalhadora, a mais sofredora. Para eles, o proletariado existe apenas sob um ponto de vista, como classe que mais sofre” (p.38§1).

“O estágio pouco desenvolvido da luta de classes, assim como sua própria condição social, levam-nos a considerar-se acima da luta classes. Querem melhorar a condição de todos os segmentos sociais, também dos mais bem-situados. Por isso, apelam a toda sociedade, sem diferenciação. Na verdade, preferencialmente à classe dominante. É como se bastasse entender o seu sistema para reconhece-lo como o melhor plano possível para a melhor sociedade possível” (p.38§2).

“Por isso, rejeitam a ação politica, quer dizer revolucionaria; querem atingir seu objetivo por meios pacíficos e tentam abrir caminho para o novo evangelho social pela força do exemplo, através de experimentos inexpressivos que, naturalmente, sempre fracassam” (p.38§3).

“[...] os escritos socialistas e comunistas também contêm elementos críticos. Atacam os fundamentos da sociedade atual. Forneceram, por isso, material dos mais valiosos para esclarecer os trabalhadores. Suas formulações positivas sobre a sociedade futura [...]”(p.38§5).

“[...] Por isso, os pioneiros desses sistemas, em muitos sentidos, foram revolucionários, mas seus discípulos formam sempre seitas reacionárias. Aferram-se às velhas concepções dos estres, apesar do progresso histórico do proletariado. Procuram, e nisso são consequentes, atenuar a luta de classes e conciliar suas utopias sócias, [...]. Para construir esses castelos de ar, precisam apelar à filantropia dos corações e dos bolsos burgueses. Aos poucos, caem na categoria dos socialistas reacionários ou conservadores, [...], e se diferenciam destes apenas por um pedantismo mais sistemático, pela fé supersticiosa nos efeitos milagrosos de sua ciência social” (p.38§6).

Posição dos comunistas diante dos diversos partidos de oposição

“[...], os comunistas apoiam em todas parte todo movimento revolucionário contra as condições sociais e politicas atuais” (p.41§2).

“Em todos esses movimentos, põem em primeiro lugar a questão da propriedade, independentemente da forma, mais ou menos desenvolvida, que ela tenha assumido” (p.41§3).

“Por último, os comunistas trabalham por toda parte pela união e o entendimento entre os partidos democráticos em todos os países” (p.41§4).

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