MARX, K. e ENGELS, F.
Manifesto do partido comunista. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo:
Fundação Perjeu Abramo, 1998, p 20-41.
“Os comunistas não
constituem um partido especial [...]” (p.20§3).
“Não tem interesses
distintos dos interesses do proletariado [...]”(p.20§4).
“Não defendem
princípios particulares, com os quais queiram moldar o movimento proletário”
(p.20§5).
“Os comunistas de
diferenciam dos demais partidos proletários apenas porque eles, por um lado,
salientam e põem em prática os interesses de todo proletariado em todas as
lutas nacionais dos proletários [...]”(p.20§6).
“Os comunistas são, na
pratica, a parcela mais decidida e mais avançada dos partidos operários de cada
país; eles compreendem teoricamente, adiante da massa de proletários, as
condições, a evolução e os resultados mais gerais do movimento proletário”
(p.21§1).
“O objetivo imediato
dos comunistas é o mesmo dos demais partidos proletários: a constituição do
proletariado em classe, a derrubada da burguesia, a conquista do poder político
pelo proletariado” (p.21§2).
“o que caracteriza o
comunismo não é a supressão da propriedade em si, mas a supressão da
propriedade burguesa” (p.21§7).
“[...] os comunistas
podem resumir sua teoria em uma única expressão: supressão da propriedade
privada” (p.21§9).
“Nos acusam, aos
comunistas, de suprimir o que foi adquirido pessoalmente, a propriedade
conquistada através do próprio trabalho; a propriedade que se declara ser o
fundamento de toda liberdade , de toda atividade e de toda autonomia
individuais” (p.21§10).
“[...]
Essa não precisamos abolir; o desenvolvimento da indústria já a aboliu e
continua abolindo diariamente” (p.21§11).
“Será que o trabalho
assalariado, o trabalho do proletário, cria propriedade para ele? De modo
algum. Cria capital [...]” (p.22§2).
“O
capital não é [...] uma força pessoal; é uma força social” (p.22§4).
“[...]
Queremos abolir o caráter dessa apropriação, que fez com que o trabalhador viva
para multiplicar o capital, viva enquanto é interesse da classe dominante” (p.22§7).
“O
comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais;
apenas suprime o poder de, através desta apropriação, subjugar trabalho alheio”
(p.23§8).
“[...] não discutam
conosco só porque vocês tomam como padrão para a abolição da propriedade
burguesa a sua concepção burguesa de liberdade, educação, direito, etc. Suas
ideias são produto das relações burguesas de produção e de propriedade, assim
como o direito não é nada mais que a vontade de sua classe erigida em lei, uma
vontade cujo conteúdo é determinado pelas condições materiais de vida e de sua
própria classe” (p.24§3).
“O que demonstra a
história das ideais senão que a produção intelectual se transforma com a produção
material? As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe
dominante” (p.26§9).
“Fala–se de ideias que
revolucionam uma sociedade; com isso expressa-se apenas o fato de que no
interior da velha sociedade se formam os elementos de uma nova, e que a
abolição das velhas ideias acompanha a supressão das velhas condições de vida” (p.26§10).
“Quando
o mundo antigo estava em declínio, suas religiões foram superadas pela religião
cristã. Quando as ideias cristãs no século XVII cederam diante do Iluminismo, a
sociedade feudal mantinha um combate mortal contra a burguesia então
revolucionária. As ideias da liberdade de religião e de
consciência apenas expressavam o domínio da livre concorrência no campo do
conhecimento” (p.26§11).
“[...]
o primeiro passo da revolução dos trabalhadores é a ascensão do proletariado à
situação de classe dominante, ou seja, a conquista da democracia” (p.27§6).
“Uma vez que, no
processo, desapareçam as diferenças de classe e toda a produção esteja nas mãos
dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter politico. O
poder politico propriamente dito é o poder organizado de uma classe para
dominar a outra. Se, em sua luta contra a burguesa, o proletariado
necessariamente se constituem classe, se por meio de uma revolução se converte
em classe dominante e, como tal, suprime violentamente as velhas relações de
produção, então, junto com elas, suprime os antagonismos de classes em geral e,
com isso, abole sua própria dominação de classe”
(p.28§4).
Socialismo
feudal
“Desse modo surgiu o
socialismo feudal, meio canção de lamento, meio pasquim satírico e difamante,
metade ecos do passado, metade ameaças sobre o futuro. Atingiu o coração da
burguesia com acusações amargas e engenhosas, mas que sempre soavam ridículas
por sua incapacidade de compreender a evolução da história moderna” (Revolução
Francesa) (p.29§3).
“Para arregimentar o
povo, esses senhores agitavam como bandeira a sacola de mendigo do
proletariado. Contudo, toda vez que os seguiu, o povo reconheceu em seus
traseiros os antigos brasoes feudais e de dispersou em meio a gargalhadas
sonoras e irreverentes” (p.30§1).
O socialismo pequeno-burguês
“A aristocracia feudal
não foi a única classe derrubada pela burguesia e cujas condições de existência
se desveneraram e desapareceram na sociedade burguesa moderna. A pequena
burguesia medieval, que nos seus primórdios vivia fora dos muros da cidade [Pfahlbuergertum], e o pequeno
campesionato foram os percussores da moderna burguesia. Nos países industrial e
comercialmente menos desenvolvidos, essas classes ainda vegetam, ao lado da
burguesia em ascensão” (p.31§3).
“Onde
a moderna civilização se desenvolveu, formou-se uma nova pequena burguesia,
parcela complementar da sociedade burguesa, que paira entre o proletariado e a
burguesia e se reconstitui sempre. Mas seus membros são constantemente
precipitados no proletariado pela ação da concorrência. Com o desenvolvimento
da grande indústria, vêem aproximar-se o momento de sua desaparição como
parcela autônoma da sociedade moderna. No comercio, na manufatura, na
agricultura, serão substituídos por supervisões e empregados” (p.31§4).
“Em
países como a França, onde a classe camponesa representa bem mais da metade da
população, era natural que os escritores que apoiavam o proletariado em sua
luta contra a burguesia, adotassem critica a o regime burguês e tomassem
partido pelos operários, mas do ponto de vista da pequena burguesia. Formou-se
assim o socialismo pequeno-burguês.[...]” (p.32§1).
O socialismo alemão ou “verdadeiro”
socialismo
“A literatura
socialista e comunista da França, que surgiu sob a pressão de uma burguesia
dominante e é expressão da luta contra essa dominação, foi introduzida na
Alemanha na época em que a burguesia apenas começara sua luta contra o
absolutismo feudal” (p.32§6).
“Filósofos,
semifilósofos e impostores alemãs se apoderaram evidentemente dessa literatura
e esqueceram apenas que, com a importação da literatura francesa na Alemanha,
não foram importadas ao mesmo tempo as condições sociais da França. Nas condições
alemãs, essa literatura francesa perdeu todo o sentido prático e assumiu uma
aparência puramente literária. Estava condenada a ser apenas especulação
ociosa sobre a realização do ser humano”
(p.33§1).
“É
fato conhecido que os monges recobriam manuscritos de obras clássicas antigas,
de épocas pagãs, com insípidas históricas de santos católicos. Os literatos
alemãs procederam de modo inverso com a literatura francesa profana. Escreveram
seus desatinos filosóficos por trás do original francês” (p.33§4).
“Assim,
a literatura socialista-comunista francesa foi formalmente castrada. E já que
ela nas mãos dos alemães, deixou de expressar a luta de uma classe contra
outra, [...]; defendiam não verdadeiras necessidades, mas a “necessidade do
verdadeiro”; interesse do ser humano, o próprio ser humano, ao invés dos
interesses dos proletários; interesses do individuo que não pertence a nenhuma
classe, que nem mesmo pertence à vida real, mas apenas ao céu nebuloso da
fantasia filosófica” (p.33§6).
“Assim,
ao “verdadeiro” socialismo ofereceu-se a oportunidade tão esperada de contrapor
ao movimento político as demandas socialistas. [...]; e pregar às massas
populares que elas nada tinham a ganhar com esse movimento burguês; e mais
ainda tinham tudo a perder. O socialismo alemão esqueceu oportunamente que a
critica francesa, da qual era o eco sem espirito, tinha por pressuposto a
sociedade burguesa moderna, com suas condições materiais de vida
correspondentes, e uma constituição politica adequada – pressupostos de que, na
Alemanha,
estavam por ser conquistados” (p.34§3).
“O socialismo alemão,
por seu lado, compreendeu cada vez mais sua vocação: ser o representante
patético dessa pequena burguesia retrógada”
(p.35§3).
“[...]
Com poucas exceções, todas as publicações pretensamente socialistas ou
comunistas que circulam na Alemanha se enquadram nessa literatura suja e
enervante” (p.35§4).
O socialismo conservador ou burguês
“Uma parte da burguesia
deseja remediar os males sociais para garantir a existência da sociedade
burguesa” (p.35§5).
“Fazem
parte desse grupo: economistas, filantropos, humanistas, benfeitores da classe
operária, organizadores da caridade, protetores do animais, fundadores de
sociedades de abstinência, reformadores obscuros de toda espécie. E o socialismo
burguês também foi elaborado até formar sistemas completos” (p.36§1).
“Os
socialistas burgueses querem as condições de vida da sociedade moderna, sem os
conflitos e os perigos que dela necessariamente decorrem. Desejam a sociedade
atual, subtraindo dela os elementos revolucionários e que contribuem para
dissolução. Querem a burguesia sem o proletariado. Naturalmente, a burguesia
concebe o mundo no qual ela domina como o melhor dos mundos. [...]” (p.36§2).
“O
socialismo da burguesia reduz-se à afirmação de que os burgueses são burgueses
– no interesse da classe operária” (p.37§1).
O socialismo e o comunismo
crítico-utópicos
“É verdade que eles
estão conscientes de representar, em seus planos, principalmente os interesses
da classe trabalhadora, a mais sofredora. Para eles, o proletariado existe
apenas sob um ponto de vista, como classe que mais sofre” (p.38§1).
“O
estágio pouco desenvolvido da luta de classes, assim como sua própria condição
social,
levam-nos a considerar-se acima da luta classes. Querem melhorar a condição de
todos os segmentos sociais, também dos mais bem-situados. Por isso, apelam a
toda sociedade, sem diferenciação. Na verdade, preferencialmente à classe
dominante. É como se bastasse entender o seu sistema para reconhece-lo como o
melhor plano possível para a melhor sociedade possível” (p.38§2).
“Por
isso, rejeitam a ação politica, quer dizer revolucionaria; querem atingir seu
objetivo por meios pacíficos e tentam abrir caminho para o novo evangelho
social pela força do exemplo, através de experimentos inexpressivos que,
naturalmente, sempre fracassam” (p.38§3).
“[...]
os escritos socialistas e comunistas também contêm elementos críticos. Atacam
os fundamentos da sociedade atual. Forneceram, por isso, material dos mais
valiosos para esclarecer os trabalhadores. Suas formulações positivas sobre a
sociedade futura [...]”(p.38§5).
“[...]
Por isso, os pioneiros desses sistemas, em muitos sentidos, foram
revolucionários, mas seus discípulos formam sempre seitas reacionárias.
Aferram-se às velhas concepções dos estres, apesar do progresso histórico do
proletariado. Procuram, e nisso são consequentes, atenuar a luta de classes e
conciliar suas utopias sócias, [...]. Para construir esses castelos de ar,
precisam apelar à filantropia dos corações e dos bolsos burgueses. Aos poucos,
caem na categoria dos socialistas reacionários ou conservadores, [...], e se
diferenciam destes apenas por um pedantismo mais sistemático, pela fé
supersticiosa nos efeitos milagrosos de sua ciência social” (p.38§6).
Posição dos comunistas diante dos
diversos partidos de oposição
“[...],
os comunistas apoiam em todas parte todo movimento revolucionário contra as
condições sociais e politicas atuais” (p.41§2).
“Em
todos esses movimentos, põem em primeiro lugar a questão da propriedade,
independentemente da forma, mais ou menos desenvolvida, que ela tenha assumido”
(p.41§3).
“Por
último, os comunistas trabalham por toda parte pela união e o entendimento
entre os partidos democráticos em todos os países” (p.41§4).
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