quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA


MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo: Fundação Perjeu Abramo, 1998, p 20-41.

 

“Os comunistas não constituem um partido especial [...]” (p.20§3).

“Não tem interesses distintos dos interesses do proletariado [...]”(p.20§4).

“Não defendem princípios particulares, com os quais queiram moldar o movimento proletário” (p.20§5).

“Os comunistas de diferenciam dos demais partidos proletários apenas porque eles, por um lado, salientam e põem em prática os interesses de todo proletariado em todas as lutas nacionais dos proletários [...]”(p.20§6).

“Os comunistas são, na pratica, a parcela mais decidida e mais avançada dos partidos operários de cada país; eles compreendem teoricamente, adiante da massa de proletários, as condições, a evolução e os resultados mais gerais do movimento proletário” (p.21§1).

“O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo dos demais partidos proletários: a constituição do proletariado em classe, a derrubada da burguesia, a conquista do poder político pelo proletariado” (p.21§2).

“o que caracteriza o comunismo não é a supressão da propriedade em si, mas a supressão da propriedade burguesa” (p.21§7).

“[...] os comunistas podem resumir sua teoria em uma única expressão: supressão da propriedade privada” (p.21§9).

“Nos acusam, aos comunistas, de suprimir o que foi adquirido pessoalmente, a propriedade conquistada através do próprio trabalho; a propriedade que se declara ser o fundamento de toda liberdade , de toda atividade e de toda autonomia individuais” (p.21§10).

“[...] Essa não precisamos abolir; o desenvolvimento da indústria já a aboliu e continua abolindo diariamente” (p.21§11).

“Será que o trabalho assalariado, o trabalho do proletário, cria propriedade para ele? De modo algum. Cria capital [...]” (p.22§2).

“O capital não é [...] uma força pessoal; é uma força social” (p.22§4).

“[...] Queremos abolir o caráter dessa apropriação, que fez com que o trabalhador viva para multiplicar o capital, viva enquanto é interesse da classe dominante” (p.22§7).

“O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais; apenas suprime o poder de, através desta apropriação, subjugar trabalho alheio” (p.23§8).

“[...] não discutam conosco só porque vocês tomam como padrão para a abolição da propriedade burguesa a sua concepção burguesa de liberdade, educação, direito, etc. Suas ideias são produto das relações burguesas de produção e de propriedade, assim como o direito não é nada mais que a vontade de sua classe erigida em lei, uma vontade cujo conteúdo é determinado pelas condições materiais de vida e de sua própria classe” (p.24§3).

“O que demonstra a história das ideais senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As ideias dominantes de uma época sempre foram as ideias da classe dominante” (p.26§9).

“Fala–se de ideias que revolucionam uma sociedade; com isso expressa-se apenas o fato de que no interior da velha sociedade se formam os elementos de uma nova, e que a abolição das velhas ideias acompanha a supressão das velhas condições de vida” (p.26§10).

“Quando o mundo antigo estava em declínio, suas religiões foram superadas pela religião cristã. Quando as ideias cristãs no século XVII cederam diante do Iluminismo, a sociedade feudal mantinha um combate mortal contra a burguesia então revolucionária. As ideias da liberdade de religião e de consciência apenas expressavam o domínio da livre concorrência no campo do conhecimento” (p.26§11).

“[...] o primeiro passo da revolução dos trabalhadores é a ascensão do proletariado à situação de classe dominante, ou seja, a conquista da democracia” (p.27§6).

“Uma vez que, no processo, desapareçam as diferenças de classe e toda a produção esteja nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter politico. O poder politico propriamente dito é o poder organizado de uma classe para dominar a outra. Se, em sua luta contra a burguesa, o proletariado necessariamente se constituem classe, se por meio de uma revolução se converte em classe dominante e, como tal, suprime violentamente as velhas relações de produção, então, junto com elas, suprime os antagonismos de classes em geral e, com isso, abole sua própria dominação de classe” (p.28§4).

Socialismo feudal

“Desse modo surgiu o socialismo feudal, meio canção de lamento, meio pasquim satírico e difamante, metade ecos do passado, metade ameaças sobre o futuro. Atingiu o coração da burguesia com acusações amargas e engenhosas, mas que sempre soavam ridículas por sua incapacidade de compreender a evolução da história moderna” (Revolução Francesa) (p.29§3).

“Para arregimentar o povo, esses senhores agitavam como bandeira a sacola de mendigo do proletariado. Contudo, toda vez que os seguiu, o povo reconheceu em seus traseiros os antigos brasoes feudais e de dispersou em meio a gargalhadas sonoras e irreverentes” (p.30§1).

O socialismo pequeno-burguês

“A aristocracia feudal não foi a única classe derrubada pela burguesia e cujas condições de existência se desveneraram e desapareceram na sociedade burguesa moderna. A pequena burguesia medieval, que nos seus primórdios vivia fora dos muros da cidade [Pfahlbuergertum], e o pequeno campesionato foram os percussores da moderna burguesia. Nos países industrial e comercialmente menos desenvolvidos, essas classes ainda vegetam, ao lado da burguesia em ascensão” (p.31§3).

“Onde a moderna civilização se desenvolveu, formou-se uma nova pequena burguesia, parcela complementar da sociedade burguesa, que paira entre o proletariado e a burguesia e se reconstitui sempre. Mas seus membros são constantemente precipitados no proletariado pela ação da concorrência. Com o desenvolvimento da grande indústria, vêem aproximar-se o momento de sua desaparição como parcela autônoma da sociedade moderna. No comercio, na manufatura, na agricultura, serão substituídos por supervisões e empregados” (p.31§4).

“Em países como a França, onde a classe camponesa representa bem mais da metade da população, era natural que os escritores que apoiavam o proletariado em sua luta contra a burguesia, adotassem critica a o regime burguês e tomassem partido pelos operários, mas do ponto de vista da pequena burguesia. Formou-se assim o socialismo pequeno-burguês.[...]” (p.32§1).

O socialismo alemão ou “verdadeiro” socialismo

“A literatura socialista e comunista da França, que surgiu sob a pressão de uma burguesia dominante e é expressão da luta contra essa dominação, foi introduzida na Alemanha na época em que a burguesia apenas começara sua luta contra o absolutismo feudal” (p.32§6).

“Filósofos, semifilósofos e impostores alemãs se apoderaram evidentemente dessa literatura e esqueceram apenas que, com a importação da literatura francesa na Alemanha, não foram importadas ao mesmo tempo as condições sociais da França. Nas condições alemãs, essa literatura francesa perdeu todo o sentido prático e assumiu uma aparência puramente literária. Estava condenada a ser apenas especulação ociosa sobre a realização do ser humano” (p.33§1).

É fato conhecido que os monges recobriam manuscritos de obras clássicas antigas, de épocas pagãs, com insípidas históricas de santos católicos. Os literatos alemãs procederam de modo inverso com a literatura francesa profana. Escreveram seus desatinos filosóficos por trás do original francês” (p.33§4).

“Assim, a literatura socialista-comunista francesa foi formalmente castrada. E já que ela nas mãos dos alemães, deixou de expressar a luta de uma classe contra outra, [...]; defendiam não verdadeiras necessidades, mas a “necessidade do verdadeiro”; interesse do ser humano, o próprio ser humano, ao invés dos interesses dos proletários; interesses do individuo que não pertence a nenhuma classe, que nem mesmo pertence à vida real, mas apenas ao céu nebuloso da fantasia filosófica” (p.33§6).

“Assim, ao “verdadeiro” socialismo ofereceu-se a oportunidade tão esperada de contrapor ao movimento político as demandas socialistas. [...]; e pregar às massas populares que elas nada tinham a ganhar com esse movimento burguês; e mais ainda tinham tudo a perder. O socialismo alemão esqueceu oportunamente que a critica francesa, da qual era o eco sem espirito, tinha por pressuposto a sociedade burguesa moderna, com suas condições materiais de vida correspondentes, e uma constituição politica adequada – pressupostos de que, na Alemanha, estavam por ser conquistados” (p.34§3).

“O socialismo alemão, por seu lado, compreendeu cada vez mais sua vocação: ser o representante patético dessa pequena burguesia retrógada” (p.35§3).

“[...] Com poucas exceções, todas as publicações pretensamente socialistas ou comunistas que circulam na Alemanha se enquadram nessa literatura suja e enervante” (p.35§4).

O socialismo conservador ou burguês

“Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para garantir a existência da sociedade burguesa” (p.35§5).

“Fazem parte desse grupo: economistas, filantropos, humanistas, benfeitores da classe operária, organizadores da caridade, protetores do animais, fundadores de sociedades de abstinência, reformadores obscuros de toda espécie. E o socialismo burguês também foi elaborado até formar sistemas completos” (p.36§1).

“Os socialistas burgueses querem as condições de vida da sociedade moderna, sem os conflitos e os perigos que dela necessariamente decorrem. Desejam a sociedade atual, subtraindo dela os elementos revolucionários e que contribuem para dissolução. Querem a burguesia sem o proletariado. Naturalmente, a burguesia concebe o mundo no qual ela domina como o melhor dos mundos. [...]” (p.36§2).

“O socialismo da burguesia reduz-se à afirmação de que os burgueses são burgueses – no interesse da classe operária” (p.37§1).

O socialismo e o comunismo crítico-utópicos

“É verdade que eles estão conscientes de representar, em seus planos, principalmente os interesses da classe trabalhadora, a mais sofredora. Para eles, o proletariado existe apenas sob um ponto de vista, como classe que mais sofre” (p.38§1).

“O estágio pouco desenvolvido da luta de classes, assim como sua própria condição social, levam-nos a considerar-se acima da luta classes. Querem melhorar a condição de todos os segmentos sociais, também dos mais bem-situados. Por isso, apelam a toda sociedade, sem diferenciação. Na verdade, preferencialmente à classe dominante. É como se bastasse entender o seu sistema para reconhece-lo como o melhor plano possível para a melhor sociedade possível” (p.38§2).

“Por isso, rejeitam a ação politica, quer dizer revolucionaria; querem atingir seu objetivo por meios pacíficos e tentam abrir caminho para o novo evangelho social pela força do exemplo, através de experimentos inexpressivos que, naturalmente, sempre fracassam” (p.38§3).

“[...] os escritos socialistas e comunistas também contêm elementos críticos. Atacam os fundamentos da sociedade atual. Forneceram, por isso, material dos mais valiosos para esclarecer os trabalhadores. Suas formulações positivas sobre a sociedade futura [...]”(p.38§5).

“[...] Por isso, os pioneiros desses sistemas, em muitos sentidos, foram revolucionários, mas seus discípulos formam sempre seitas reacionárias. Aferram-se às velhas concepções dos estres, apesar do progresso histórico do proletariado. Procuram, e nisso são consequentes, atenuar a luta de classes e conciliar suas utopias sócias, [...]. Para construir esses castelos de ar, precisam apelar à filantropia dos corações e dos bolsos burgueses. Aos poucos, caem na categoria dos socialistas reacionários ou conservadores, [...], e se diferenciam destes apenas por um pedantismo mais sistemático, pela fé supersticiosa nos efeitos milagrosos de sua ciência social” (p.38§6).

Posição dos comunistas diante dos diversos partidos de oposição

“[...], os comunistas apoiam em todas parte todo movimento revolucionário contra as condições sociais e politicas atuais” (p.41§2).

“Em todos esses movimentos, põem em primeiro lugar a questão da propriedade, independentemente da forma, mais ou menos desenvolvida, que ela tenha assumido” (p.41§3).

“Por último, os comunistas trabalham por toda parte pela união e o entendimento entre os partidos democráticos em todos os países” (p.41§4).

PEGADA ECOLÓGICA

                                                   

Crise Ambiental, mudanças climáticas atípicas, novos tipos de doenças, dentre outros, são temas cada vez mais discutidos em nosso cotidiano. Então percebemos que é hora de parar e refletir de como estamos cuidando de nosso planeta, pois todos os dias ele nos dá sinais que não está suportando mais.
Todos somos responsáveis pelo futuro de nosso planeta,  e é através da participação de cada um que iremos evitar seu fim precoce.
Pensando nesta exploração descontrolada dos recursos naturais é que os especialistas Willian Rees e Mathis Weckernagem, desenvolveram o conceito da "Pegada Ecológica".
"A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da Natureza utilizamos para sustentar nosso estilo de vida, o que inclui a cidade e casa que moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos , o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas vagas de lazer, os produtos que compramos e assim por diante. Tudo o que está à nossa volta no dia-a-dia vem da Natureza e, depois de algum tempo, retorna pra ela!
A Pegada Ecológica não é uma medida exata e sim uma extimativa. Ela nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade da planeta de oferecer , renovar seus recursos naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos. Ista considerando que dividimos o espaço com outros seres vivos e que precisamos cuidar  da nossa e das próxomas gerações, nosso planeta é só um!
A pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho da área produtiva de terra e de mar , necessárias para gerar produtos, bens e serviçosque sustentam determinados estilos de vida. [...]."  (Pegada Ecológica: que marcas queremos deixar no planeta?. Brasília: WWF-Brasil, 2007.)
Para Calcular sua pegada ecológica é só acessar o link: http://www.footprintnetwork.org/en/index.php/GFN/page/calculators/
O resultado de minha pegada é que se todos vivessem como eu, necessitariamos da capacidade de regeneração de 1.3 planetas por ano. No cálculo, ficou evidente que meu maior consumo está na alimentação, seguida de moradia e transporte.
Fiquei contente pelo fato de estar abaixo da média nacional que é de 2.1, mas estou ciente que posso fazer muito mais pelo nosso planeta, como por exemplo, utilizar um pouco mais do transporte público, fazer a coleta seletiva, utilizar menos água em meus afazeres diários, pois, como foi explanado na Cartilha da Pegada Ecológica, se apenas um morador da cidade de São Paulo utiliza 200 litros de água diariamente, como será o consumo em dez anos em um planeta com mais de 7 bilhões de habitantes, é assustador.
São pequenas atititudes, que muitas vezes não fazemos por achar que não vai fazer a diferença, mas o que não pensamos, é que se cada um fazer a sua parte, cada pequena ação somada a outra e mais outra se transforma em grandes resultados.
O homem não deve pensar que está fazendo "um favor" para o meio ambiente, pois ele faz parte dele. Diante disto, devemos nos conscientizar de que se não cuidarmos dos recursos naturais que ainda nos restam, dentro de um futuro próximo é a nossa espécie que estará ameaçada. Como dito por Marina Silva as mudanças climáticas, cada vez mais constantes, colocam em "xeque" a saúde humana, causando dentre vários fatores, aumento e descontrole dos vetores de doenças.
Neste contexto entra o papel fundamental da escola que é de ensinar e conscientizar nossas crianças que se não cuidarmos de nosso planeta ele não suportará por muito tempo. Se cada um mudar sua rotina trocando o carro por bicicleta ou transporte público, fazer a coleta seletiva, buscar fontes alternativas de energia, como por exemplo a solar, consumir preferencialmente produtos frescos de sua região, ao invés de produtos embalados e industrializados, garantiremos uma vida de qualidade para nós e nossos descendentes.

AFINAL O QUE É GEOGRAFIA?




  
                                    

Não existe um consenso, no que diz respeito ao objeto de estudo da geografia, inexiste uma dialética entre as várias definições que procuram explicá-la.
Para Piotr Korpotkin a Geografia deve ter três objetivos que são:
Despertar nas crianças a paixão pelas ciências naturais;
Ensinar que todos somos irmãos;
Respeitar as raças ditas “inferiores”.
Ou seja, seu objetivo seria quebrar os preconceitos e ideologias implantadas na sociedade em que vivemos.
Segundo Kant a Geografia seria uma síntese de todas as ciências, desta forma seria definida como uma ciência sintética e descritiva.
A base da Geografia Tradicional está fundamentada na corrente do Positivismo, que seria o conjunto das correntes não-dialéticas. Para o positivismo, os estudos desta ciência devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, palpáveis. Postulava-se uma máxima: “a Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação”. Para este grupo a Geografia se limitou ao trabalho cientifico.
Foram definidas algumas regras de procedimentos formulados a partir da pesquisa de campo, estes por sua vez, foram seguidos de forma acrítica para que assim não se rompessem a autoridade da geografia. Dentre os mais expressivos destacam-se:
 - O princípio da unidade terrestre; da individualidade; da atividade; da conexão; da comparação; da extensão e da localização.
As máximas e os princípios seriam responsáveis pela unidade e continualidade da Geografia.
Pelo temário geral da geografia, esta disciplina discute os fatos referentes a superfície terrestre.
A Geografia teve origem na Antiguidade Clássica, porém apresentava-se de forma dispersa, sem um conteúdo unitário. Sua sistematização ocorreu no início do século XIX, com a transição do feudalismo para o capitalismo na Alemanha, neste contexto a discussão do espaço era primordial com o surgimento do ideal da unificação Alemã.
Os “pais” da Geografia Tradicional foram Humboldt e Ritter, o primeiro não buscou formular os princípios de uma nova disciplina, para ele a Geografia era uma síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Seu método foi o empirismo racionalizado, ou seja, observava as paisagens de forma estética (a partir de seus sentimentos). Sua corrente foi posteriormente por Ratzel denominada “Determinismo” (o homem é influenciado pelo meio em que vive).
Ritter procurou estudar as individualidades de cada lugar, de forma antropocêntrica, ou seja, estudava a relação dialética homem-natureza (o homem age sobre a natureza e esta age sobre o homem) de forma individualizada (cada lugar tem suas características distintas). Sua corrente foi posteriormente denominada por De La Blache “Possibilismo” (o homem é influenciado pelo meio em que vive, como também o meio é influenciado pelo homem).
Posteriormente, surgiram seguidores das ideologias dos dois estudiosos destacando-se Ratzel com a corrente determinista e De La Blache com a corrente Possibilista.
Ratzel, vivendo a constituição do Império Alemão, contribuiu com suas obras para a legitimação dos desígnios expansionistas do Estado alemão, cujo principal objetivo era obter espaço. Em sua principal obra (Antrogeografia – fundamentos da Geografia à História), define o objeto da Geografia como estudo da influência da natureza sobre o homem. A natureza influenciaria até na própria constituição social, pela riqueza que oferece e também atuaria na expansão do povo criando obstáculos ou acelerando seu desenvolvimento. Para ele, a sociedade mantém relações duráveis com solo, assim como, as necessidades de moradia e alimentação, quando a mesma se organiza para defender o território transforma-se em Estado.
Ratzel formulou o conceito de espaço vital, que seria o equilíbrio entre a população de uma sociedade os recursos disponíveis para suprir suas necessidades.
De La Blache opõe-se às colocações de Ratzel. Com a disputa pela hegemonia da Europa entre Alemanha e França, desenvolveu-se através de suas obras, o pensamento geográfico francês, com a finalidade de combater esta hegemonia e também descentralizar a discussão geográfica da Alemanha criando a escola francesa de Geografia.
O autor formulou três críticas em oposição à Ratzel, e a partir destas, construiu sua proposta de Geografia:
1.                  Condenou a vinculação entre o pensamento geográfico e a defesa de interesses políticos
2.                  Criticou a minimização do homem a um ser passivo da natureza
3.                  Atacou a concepção fatalista e mecanicista da relação entre os homens e a natureza.
A Geografia não mais era relatos exaustivos de viagens, o autor definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. O homem sofreria influencia do meio, como também atuaria sobre ele para modificá-lo.
Em sua obra coletiva Geografia Universal, procurou definir o conceito de região que era a análise geográfica, que explicaria a forma de os homens de organizarem o espaço terrestre. Nesta obra os estudos obedeceriam a um modelo de exposição: introdução; bases físicas; povoamento; estrutura agrária; estrutura urbana; estrutura industrial e conclusão.
A proposta Possilibista de Vidal De La Blache, obteve vários discípulos destacando-se entre eles Max Sorre, que apresentou a idéia de que a Geografia deve estudar as formas pelas quais os homens organizam o seu meio, entendendo o espaço como a morada do homem, definindo este conceito como habitat. O habitat seria, portanto, uma construção humana, uma humanização do meio, que expressa as múltiplas relações entre o homem e o ambiente que o envolve. Sua proposta foi uma reciclagem da Geografia Humana proposta por De La Blache. Representou a segunda formulação da Geografia francesa, no sentido de um conhecimento geográfico global e unitário.
Outra grande corrente do pensamento geográfico foi a do Racionalismo, formulada por Hettner, que buscava um terceiro caminho que não fosse o Determinismo nem o Possilibismo. Hattner propõe a Geografia como ciência que estuda a diferenciação de áreas, isto é, que visa explicar “por quê” e “em que” diferem as porções da superfície terrestre. A geografia seria então o estudo das formas de interrelação dos elementos (sociais, políticos, econômicos, etc.) no espaço terrestre.
Sua proposta não teve grande divulgação, mas foi através da retomada por Hartshorne é que houve sua propagação, seu seguidor desenvolveu suas teorias aprimorando-as. Desenvolveu duas grandes escolas de Geografia, a Geografia Cultural e a escola do Meio-Oeste.
Para Hartshorne o objeto da Geografia seria o estudo das interrelações entre fenômenos heterogêneos, apresentando-as numa visão sintética. Entretanto, as interrelações  não interessariam entre si, e sim na medida em que desvendam o caráter variável das diferentes áreas da superfície.
O autor formulou dois conceitos básicos, o de área e de integração. A área seria uma parcela da superfície terrestre diferenciada pelo observador que a delimita por seu caráter, ou seja, as distingue das demais. O caráter de cada área seria dado pela integração do maior número possível de fenômenos interrelacionados.
Propôs duas formas de estudo que denominou de Geografia Idiografica (individualizada) e Geografia Nomotética (geral). Desta Forma articulou a geografia Geral e a Regional, diferenciando-as pelo nível de profundidade de suas relações tratadas.

HOMEM, NATUREZA E TRABALHO: CONSTRUÇÃO DE UMA SIMBIOSE INJUSTA






Gisele da Cruz Vasque
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UUCG

           
            O desenvolvimento humano está fundamentado em sua relação com a natureza, como também, com outros semelhantes a si. Relação esta, construída gradativamente no decorrer histórico,tendo por suas bases o desenvolvimento de um em detrimento de outro, compondo assim, o tema de nossa discussão.
            Com sua racionalidade e através de instrumentos e técnicas adquiridas historicamente, o homem sobrepõe-se à natureza extraindo recursos que ela lhe oferece, a fim de satisfazer seus desejos e necessidades. E no sentido de atender estas necessidades aprimora suas tecnologias, criando “objetos sociais e abstratos”, como por exemplo, o mercado ouo desenvolvimento industrial. E nessa simbiose, nasce a necessidade de conhecer o espaço em que se vive para que, assim, possa domina-lo e consequentemente, dominar e transformar a natureza, como é observado no discurso de Douglas Santos (2002):
                     [...] a identidade do indivíduo realiza-se na construção da identidade dos lugares, podemos afirmar que a construção cultural da humanidade é, entreoutras coisas a construção de sua geografia.
                     Entendendo que o ato de localizar-se (ou perder-se) impõe uma unidade entre a objetividade/subjetividade humana e sua alteridade – o não humano, as marcas territoriais conhecidas contra as não conhecidas, o significado operacional e mítico de cada ato/lugar, dividindo na diferencialidade dos lugares os trabalhos necessários à sobrevivência – pode-se dizer que a construção do discurso geográfico antecede o histórico (como discurso) [...]” (p.23-4)
                     “Espaço e tempo, da forma como hoje os concebemos, são a sistematização simbólica criada pelas           e através das transformações advindas do desenvolvimento da sociedade burguesa [...]. Produto e condição do processo, o que pensamos ser espaço e tempo são, na verdade, a ferramenta que possuímos para sistematizar a nossa relação com o mundo da maneira como hoje ele se representa. [...] (p.29).
           
            Neste contexto conclui-se que a atividade humana é fundamentada na relação social e na coletividade, ou seja, o homem não vive só, é um ser social e seu desenvolvimento codepende de sua relação entre espaço e natureza, sendo algo construído historicamente de modo gradativo e espontâneo ou manipulado.
            Na prática da produção, o homem se depara com uma relação dicotômica simultânea. Produção compreende a domínio, porém, compreende também à alienação. O primeiro está ligado à transformação de domínio da natureza e o segundo a sua própria produção como discorrido por Douglas Santos (2002):
         [...] O mundo da acumulação, que só se torna praticamente possível na medida em que conquista o controle sobre a dinâmica das coisas, criou, a seu favor, o discurso da “transformação”, pois a mera descrição é incompatível com um processo produtivo que, cada vez mais e melhor, deve colocar tudo de que dispõe – como matéria-prima, máquina, força de trabalho, etc. – a serviço da produção e reprodução ampliadas dos processos de apropriação do trabalho [...] (p.29).

            Como em todas as relações humanas, na produção não seria diferente. Em análise aos fatos históricos de seu desenvolvimento, o homem sempre produziu e produzirá em detrimento de algo, como por exemplo, a construção social e econômica de um Estado-Nação, que para seu desenvolvimento pleno, fundamenta-se na exploração tanto de seus recursos naturais (ou do país vizinho), como de recursos humanos, ilustrando-se com o exemplo da escravidão, ou em nossos dias a exploração do trabalhador assalariado, que por sua vez, produz transformando e explorando a natureza, mas em contrapartida é explorado através de seu trabalho.
            Pode-se afirmar que o apogeu da relação entre natureza-homem-economia, deu início na Revolução Industrial, cujo momento foi caracterizado pelo início do capitalismo, propriamente dito, aumento considerável da produção através do avanço industrial e tecnológico e urbanização da população.
         O processo de acumulação, que foi acelerado entre os séculos XVI e XVIII com a exploração colonial no Europa ocidental, converge na implantação do sistema fabril, no final do século XVIII, na Inglaterra, através da canalização de investimentos no setor industrial.
         A chamada Revolução Industrial não consistiu apenas no emprego da máquina na produção, substituindo o trabalho manual. O expressivo crescimento da produção eliminou logo as formas anteriores de apropriação do trabalho, baseadas no controle do Estado e das corporações. (OLIVEIRA,1995, p 77).
           
            O avanço tecnológico, por sua vez, exige o emprego de mais máquinas, consequentemente, menos uso de mão-de-obra. Fato que se deu início na Revolução Industrial e presente até os nossos dias atuais, citando como exemplo, a substituição dos trabalhadores que lidavam no manejo da cana-de-açúcar por máquinas de corte e colheita cada vez mais modernas, sendo que uma máquina substitui a mão-de-obra de 100 trabalhadores, gerando, simultaneamente, lucro, agilidade na colheita e desemprego.
            Os trabalhadores descartados deste processo nem sempre são realocados, formando uma reserva disponível, pronta para ser usada a qualquer momento, conforme as necessidades apresentadas pelo mercado. Estratégia usada pra manter os salários baixos e sempre ter disponibilidade de mão-de-obra, possibilitando assim, o crescimento do mercado, sem que haja a preocupação com oferta de mão-de-obra.
            Este excedente assombra o trabalhador formal que para manter seu emprego, submete-se a intensas horas de trabalho comprometendo sua qualidade de vida.
            Assim traça-se o perfil do trabalhador assalariado: um homem miserável assombrado pela possibilidade se sua expulsão através do avanço tecnológico (substituição de sua força de trabalho pelo uso de máquinas) e pelo excedente de mão-de-obra.
            Para atender as demandas geradas pelo desenvolvimento da indústria, os países desenvolvidos, fornecem tecnologias agrícolas e técnicas de higiene aos subdesenvolvidos, para que assim, estes possam lhes fornecer produtos de qualidade. Estratégia que resultou em um grande aumento da população destes países, pois sua taxa de mortalidade diminuíra, mantendo a taxa de natalidade.
            Diante disto, Estado e estudiosos passam a centralizar seu objeto de estudo no crescimento populacional e recursos naturais disponíveis. Marx afirma que apesar do crescimento da população não atender às necessidades de produção capitalista é desproporcional para sua absorção completa, ou seja, o mercado necessitava de mais mão de obra para atender o crescimento da demanda de produção, porém não havia recursos disponíveis para suprir as necessidades dessa população.
[...] no capitalismo, o crescimento harmonioso ou equilibrado é, segundo Marx, inteiramente acidental, devido à natureza espontânea e caótica da produção de mercadorias sob o capitalismo competitivo (1967, vol2: 295). [..,] Poderemos entender essas tensões no processo de acumulação depende e pressupõe:
1)         A existência de um excedente de mão-de-obra, isto é, um exército de reserva industrial, que pode alimentar a exposição da produção [...].
2)         A existência no mercado de quantidades necessárias (ou oportunidades de obtenção) de meios de produção – máquinas, matérias-primas, infraestrutura física e assim por diante – que possibilitam a expansão da produção conforme o capital seja reinvestido.
3)        A existência de mercado para absorveras quantidades crescentes de mercadorias produzidas [...]. (HARVEY,2005, p. 44-5).
           
            Fato que preocupa principalmente quando voltamos os olhos para a questão dos países subdesenvolvidos, seu crescimento descontrolado contradiz com os recursos disponíveis e seu desenvolvimento socioeconômico não acompanha a explosão demográfica crescente.
            Nos países desenvolvidos, como citado por DAMIANI (2011), a preocupaçãose volta com a formatação que se é dada ao trabalho. Allen Scott, da Universidade da Califórnia, em uma conferência realizada n Brasil em 1990, expõe a forma que estes países estão lidando com o fator migração. Expos sobre a exploração e clandestinação trabalhista que ocorrera neste período, tirando proveito da situação ilegal desses trabalhadores no país, empresas impunham postos de trabalho burlando seus direitos e pagando salários relativamente muito baixos a esta população, o que afetou indiretamente sua economia, já que contribuiu para uma nova forma de pobreza que surgira em um território sem perfil para tal.
         O excedente de mão-de-obra também pode ser importado do exterior. [...] Na ausência de escravidão, a importação do excedente de mão-de-obra deve-se apoiar na livre mobilidade geográfica dos trabalhadores. Porém, caso se conceda esse privilégio ao excedente de mão-de-obra no exterior, é difícil nega-lo à reserva flutuante gerada na terra natal. Diante do desemprego, a reserva flutuante talvez emigre, especialmente se terras sem donos estiverem disponíveis em determinada fronteira.[...] grande quantidade de mão-de-obrapode ser aproveitada por meioo da livre migração a uma fronteira. [...](HARVEY,2005, p. 120-1). 
           
            Assim, podemos afirmar que o homem, preso a um “ciclo vicioso” de exploração, em outras palavras, do mesmo modo que explora e transforma a natureza é explorado, tendo o lucro como seu único objetivo,se esquece de que acima de tudo é humano, e tomado pela ideologia capitalista, trata seu próximo e a natureza como objetos de obtenção de lucro. Esta relação é explícita desde a aparição da propriedade privada e divisão de classes, porém teve seu apogeu na Revolução Industrial, que, com o avanço tecnológico e troca do trabalho manual pelo maquinário, desencadeou o aumento significativo da produção, resultando no uso demasiado dos recursos naturais, como também, através da substituição por máquinas, desvalorização do trabalho do homem, provocando desemprego e miséria. Conclui-se então que esta é uma relação com bases historicamente fortes, ou seja, é um processo que dificilmente apresentará mudanças, sempre existirá o explorador, dono dos meios de produção, e o objeto explorado, cabe ao homem então, procurar formas de amenizar esta exploração, empregando formas sustentáveis de produção, como também criação de empregos dignos ao seu próximo.

REFERÊNCIAS

SANTOS, Douglas. A reinvenção do espaço: diálogos em torno da construção do significado de uma categoria. São Paulo: Editora UNESP,2002.
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume,2005.
OLIVEIRA, Carlos Roberto de. História do trabalho. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
DAMIANI, Amélia Luisa. População e geografia. 9ª ed. São Paulo: Contexto, 2011.