quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AFINAL O QUE É GEOGRAFIA?




  
                                    

Não existe um consenso, no que diz respeito ao objeto de estudo da geografia, inexiste uma dialética entre as várias definições que procuram explicá-la.
Para Piotr Korpotkin a Geografia deve ter três objetivos que são:
Despertar nas crianças a paixão pelas ciências naturais;
Ensinar que todos somos irmãos;
Respeitar as raças ditas “inferiores”.
Ou seja, seu objetivo seria quebrar os preconceitos e ideologias implantadas na sociedade em que vivemos.
Segundo Kant a Geografia seria uma síntese de todas as ciências, desta forma seria definida como uma ciência sintética e descritiva.
A base da Geografia Tradicional está fundamentada na corrente do Positivismo, que seria o conjunto das correntes não-dialéticas. Para o positivismo, os estudos desta ciência devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, palpáveis. Postulava-se uma máxima: “a Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação”. Para este grupo a Geografia se limitou ao trabalho cientifico.
Foram definidas algumas regras de procedimentos formulados a partir da pesquisa de campo, estes por sua vez, foram seguidos de forma acrítica para que assim não se rompessem a autoridade da geografia. Dentre os mais expressivos destacam-se:
 - O princípio da unidade terrestre; da individualidade; da atividade; da conexão; da comparação; da extensão e da localização.
As máximas e os princípios seriam responsáveis pela unidade e continualidade da Geografia.
Pelo temário geral da geografia, esta disciplina discute os fatos referentes a superfície terrestre.
A Geografia teve origem na Antiguidade Clássica, porém apresentava-se de forma dispersa, sem um conteúdo unitário. Sua sistematização ocorreu no início do século XIX, com a transição do feudalismo para o capitalismo na Alemanha, neste contexto a discussão do espaço era primordial com o surgimento do ideal da unificação Alemã.
Os “pais” da Geografia Tradicional foram Humboldt e Ritter, o primeiro não buscou formular os princípios de uma nova disciplina, para ele a Geografia era uma síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Seu método foi o empirismo racionalizado, ou seja, observava as paisagens de forma estética (a partir de seus sentimentos). Sua corrente foi posteriormente por Ratzel denominada “Determinismo” (o homem é influenciado pelo meio em que vive).
Ritter procurou estudar as individualidades de cada lugar, de forma antropocêntrica, ou seja, estudava a relação dialética homem-natureza (o homem age sobre a natureza e esta age sobre o homem) de forma individualizada (cada lugar tem suas características distintas). Sua corrente foi posteriormente denominada por De La Blache “Possibilismo” (o homem é influenciado pelo meio em que vive, como também o meio é influenciado pelo homem).
Posteriormente, surgiram seguidores das ideologias dos dois estudiosos destacando-se Ratzel com a corrente determinista e De La Blache com a corrente Possibilista.
Ratzel, vivendo a constituição do Império Alemão, contribuiu com suas obras para a legitimação dos desígnios expansionistas do Estado alemão, cujo principal objetivo era obter espaço. Em sua principal obra (Antrogeografia – fundamentos da Geografia à História), define o objeto da Geografia como estudo da influência da natureza sobre o homem. A natureza influenciaria até na própria constituição social, pela riqueza que oferece e também atuaria na expansão do povo criando obstáculos ou acelerando seu desenvolvimento. Para ele, a sociedade mantém relações duráveis com solo, assim como, as necessidades de moradia e alimentação, quando a mesma se organiza para defender o território transforma-se em Estado.
Ratzel formulou o conceito de espaço vital, que seria o equilíbrio entre a população de uma sociedade os recursos disponíveis para suprir suas necessidades.
De La Blache opõe-se às colocações de Ratzel. Com a disputa pela hegemonia da Europa entre Alemanha e França, desenvolveu-se através de suas obras, o pensamento geográfico francês, com a finalidade de combater esta hegemonia e também descentralizar a discussão geográfica da Alemanha criando a escola francesa de Geografia.
O autor formulou três críticas em oposição à Ratzel, e a partir destas, construiu sua proposta de Geografia:
1.                  Condenou a vinculação entre o pensamento geográfico e a defesa de interesses políticos
2.                  Criticou a minimização do homem a um ser passivo da natureza
3.                  Atacou a concepção fatalista e mecanicista da relação entre os homens e a natureza.
A Geografia não mais era relatos exaustivos de viagens, o autor definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. O homem sofreria influencia do meio, como também atuaria sobre ele para modificá-lo.
Em sua obra coletiva Geografia Universal, procurou definir o conceito de região que era a análise geográfica, que explicaria a forma de os homens de organizarem o espaço terrestre. Nesta obra os estudos obedeceriam a um modelo de exposição: introdução; bases físicas; povoamento; estrutura agrária; estrutura urbana; estrutura industrial e conclusão.
A proposta Possilibista de Vidal De La Blache, obteve vários discípulos destacando-se entre eles Max Sorre, que apresentou a idéia de que a Geografia deve estudar as formas pelas quais os homens organizam o seu meio, entendendo o espaço como a morada do homem, definindo este conceito como habitat. O habitat seria, portanto, uma construção humana, uma humanização do meio, que expressa as múltiplas relações entre o homem e o ambiente que o envolve. Sua proposta foi uma reciclagem da Geografia Humana proposta por De La Blache. Representou a segunda formulação da Geografia francesa, no sentido de um conhecimento geográfico global e unitário.
Outra grande corrente do pensamento geográfico foi a do Racionalismo, formulada por Hettner, que buscava um terceiro caminho que não fosse o Determinismo nem o Possilibismo. Hattner propõe a Geografia como ciência que estuda a diferenciação de áreas, isto é, que visa explicar “por quê” e “em que” diferem as porções da superfície terrestre. A geografia seria então o estudo das formas de interrelação dos elementos (sociais, políticos, econômicos, etc.) no espaço terrestre.
Sua proposta não teve grande divulgação, mas foi através da retomada por Hartshorne é que houve sua propagação, seu seguidor desenvolveu suas teorias aprimorando-as. Desenvolveu duas grandes escolas de Geografia, a Geografia Cultural e a escola do Meio-Oeste.
Para Hartshorne o objeto da Geografia seria o estudo das interrelações entre fenômenos heterogêneos, apresentando-as numa visão sintética. Entretanto, as interrelações  não interessariam entre si, e sim na medida em que desvendam o caráter variável das diferentes áreas da superfície.
O autor formulou dois conceitos básicos, o de área e de integração. A área seria uma parcela da superfície terrestre diferenciada pelo observador que a delimita por seu caráter, ou seja, as distingue das demais. O caráter de cada área seria dado pela integração do maior número possível de fenômenos interrelacionados.
Propôs duas formas de estudo que denominou de Geografia Idiografica (individualizada) e Geografia Nomotética (geral). Desta Forma articulou a geografia Geral e a Regional, diferenciando-as pelo nível de profundidade de suas relações tratadas.

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