Não
existe um consenso, no que diz respeito ao objeto de estudo da geografia,
inexiste uma dialética entre as várias definições que procuram explicá-la.
Para
Piotr Korpotkin a Geografia deve ter três objetivos que são:
Despertar
nas crianças a paixão pelas ciências naturais;
Ensinar
que todos somos irmãos;
Respeitar
as raças ditas “inferiores”.
Ou
seja, seu objetivo seria quebrar os preconceitos e ideologias implantadas na
sociedade em que vivemos.
Segundo
Kant a Geografia seria uma síntese de todas as ciências, desta forma seria
definida como uma ciência sintética e descritiva.
A
base da Geografia Tradicional está fundamentada na corrente do Positivismo, que
seria o conjunto das correntes não-dialéticas. Para o positivismo, os estudos
desta ciência devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, palpáveis. Postulava-se
uma máxima: “a Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação”.
Para este grupo a Geografia se limitou ao trabalho cientifico.
Foram
definidas algumas regras de procedimentos formulados a partir da pesquisa de
campo, estes por sua vez, foram seguidos de forma acrítica para que assim não
se rompessem a autoridade da geografia. Dentre os mais expressivos destacam-se:
- O princípio da unidade terrestre; da
individualidade; da atividade; da conexão; da comparação; da extensão e da
localização.
As
máximas e os princípios seriam responsáveis pela unidade e continualidade da Geografia.
Pelo
temário geral da geografia, esta disciplina discute os fatos referentes a
superfície terrestre.
A
Geografia teve origem na Antiguidade Clássica, porém apresentava-se de forma
dispersa, sem um conteúdo unitário. Sua sistematização ocorreu no início do
século XIX, com a transição do feudalismo para o capitalismo na Alemanha, neste
contexto a discussão do espaço era primordial com o surgimento do ideal da
unificação Alemã.
Os
“pais” da Geografia Tradicional foram Humboldt e Ritter, o primeiro não
buscou formular os princípios de uma nova disciplina, para ele a Geografia era
uma síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Seu método foi o
empirismo racionalizado, ou seja, observava as paisagens de forma estética (a
partir de seus sentimentos). Sua corrente foi posteriormente por Ratzel
denominada “Determinismo” (o homem é influenciado pelo meio em que vive).
Ritter
procurou
estudar as individualidades de cada lugar, de forma antropocêntrica, ou seja, estudava
a relação dialética homem-natureza (o homem age sobre a natureza e esta age
sobre o homem) de forma individualizada (cada lugar tem suas características distintas).
Sua corrente foi posteriormente denominada por De La Blache “Possibilismo”
(o homem é influenciado pelo meio em que vive, como também o meio é
influenciado pelo homem).
Posteriormente,
surgiram seguidores das ideologias dos dois estudiosos destacando-se Ratzel com
a corrente determinista e De La Blache com a corrente Possibilista.
Ratzel,
vivendo a constituição do Império Alemão, contribuiu com suas obras para a
legitimação dos desígnios expansionistas do Estado alemão, cujo principal
objetivo era obter espaço. Em sua principal obra (Antrogeografia – fundamentos da Geografia à História), define o
objeto da Geografia como estudo da influência da natureza sobre o homem. A
natureza influenciaria até na própria constituição social, pela riqueza que
oferece e também atuaria na expansão do povo criando obstáculos ou acelerando
seu desenvolvimento. Para ele, a sociedade mantém relações duráveis com solo, assim
como, as necessidades de moradia e alimentação, quando a mesma se organiza para
defender o território transforma-se em Estado.
Ratzel
formulou o conceito de espaço vital, que seria o equilíbrio entre a
população de uma sociedade os recursos disponíveis para suprir suas
necessidades.
De
La Blache opõe-se às colocações de Ratzel. Com a disputa
pela hegemonia da Europa entre Alemanha e França, desenvolveu-se através de
suas obras, o pensamento geográfico francês, com a finalidade de combater esta
hegemonia e também descentralizar a discussão geográfica da Alemanha criando a
escola francesa de Geografia.
O
autor formulou três críticas em oposição à Ratzel, e a partir destas, construiu
sua proposta de Geografia:
1.
Condenou a vinculação entre o pensamento
geográfico e a defesa de interesses políticos
2.
Criticou a minimização do homem a um ser
passivo da natureza
3.
Atacou a concepção fatalista e
mecanicista da relação entre os homens e a natureza.
A
Geografia não mais era relatos exaustivos de viagens, o autor definiu o objeto
da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. O homem
sofreria influencia do meio, como também atuaria sobre ele para modificá-lo.
Em
sua obra coletiva Geografia Universal,
procurou definir o conceito de região que era a análise geográfica, que
explicaria a forma de os homens de organizarem o espaço terrestre. Nesta obra
os estudos obedeceriam a um modelo de exposição: introdução; bases físicas;
povoamento; estrutura agrária; estrutura urbana; estrutura industrial e
conclusão.
A
proposta Possilibista de Vidal De La Blache, obteve vários discípulos
destacando-se entre eles Max Sorre, que apresentou a idéia de que a
Geografia deve estudar as formas pelas quais os homens organizam o seu meio,
entendendo o espaço como a morada do homem, definindo este conceito como habitat. O habitat seria, portanto, uma construção humana, uma humanização do
meio, que expressa as múltiplas relações entre o homem e o ambiente que o
envolve. Sua proposta foi uma reciclagem da Geografia Humana proposta por De La
Blache. Representou a segunda formulação da Geografia francesa, no sentido de
um conhecimento geográfico global e unitário.
Outra
grande corrente do pensamento geográfico foi a do Racionalismo,
formulada por Hettner, que buscava um terceiro caminho que não fosse o
Determinismo nem o Possilibismo. Hattner propõe a Geografia como ciência que
estuda a diferenciação de áreas, isto é, que visa explicar “por quê” e “em que”
diferem as porções da superfície terrestre. A geografia seria então o estudo
das formas de interrelação dos elementos (sociais, políticos, econômicos, etc.)
no espaço terrestre.
Sua
proposta não teve grande divulgação, mas foi através da retomada por Hartshorne
é que houve sua propagação, seu seguidor desenvolveu suas teorias
aprimorando-as. Desenvolveu duas grandes escolas de Geografia, a Geografia
Cultural e a escola do Meio-Oeste.
Para
Hartshorne o objeto da Geografia seria o estudo das interrelações entre
fenômenos heterogêneos, apresentando-as numa visão sintética. Entretanto, as
interrelações não interessariam entre
si, e sim na medida em que desvendam o caráter variável das diferentes áreas da
superfície.
O
autor formulou dois conceitos básicos, o de área
e de integração. A área seria uma
parcela da superfície terrestre diferenciada pelo observador que a delimita por
seu caráter, ou seja, as distingue das demais. O caráter de cada área seria
dado pela integração do maior número possível de fenômenos interrelacionados.
Propôs duas formas de
estudo que denominou de Geografia Idiografica (individualizada) e Geografia
Nomotética (geral). Desta Forma articulou a geografia Geral e a Regional,
diferenciando-as pelo nível de profundidade de suas relações tratadas.
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